Alessandra de Camargo Costa e Raquel de Queiroz Bárbara
A O Covid-19 fez o mundo parar, mas nossos lares estão pipocando intensamente nesse período de quarentena.
Pais e filhos, trabalho, estudo e serviços domésticos coexistindo sem o menor planejamento. Ruas e estabelecimentos comerciais vazios, já nossas casas com as luzes acesas e os cômodos sendo habitados e utilizados como nunca.
Ninguém se preparou para a ameaça de um vírus que não só coloca nossa saúde em jogo, como também nossa situação financeira e profissional em risco; ninguém se preparou para ficar repentinamente em casa, liberar ajuda da funcionária ou dos avós, fazer home-office, ajudar os filhos com as tarefas da escola e ainda precisar cuidar para manter um sono de qualidade, atividades físicas e alimentação saudável.
Para pais e cuidadores exigentes a situação se tornou ainda mais complicada já que não basta sobreviver aos trancos e barrancos e ir lidando com todas as demandas dentro do possível. Muitas mães se cobram de dar conta da casa, do trabalho, de acompanhar seu filho em cada dever da escola, de propor atividades lúdicas e criativas no restante do tempo. Se já não fosse o bastante tudo isso, ainda se culpam por deixarem os filhos mais tempo na televisão ou nos eletrônicos, por liberarem guloseimas em momentos inapropriados ou por não serem tão divertidas como a vizinha que faz artes e atividades gastronômicas e posta nas redes sociais.
Nesse período tão novo e cheio de desafios para as famílias, é inevitável lidar com o estresse. Por mais que tentemos ser criativos e pacientes, que tentemos gerenciar nosso tempo da melhor forma, a situação de confinamento traz um aumento de tensão e ansiedade. Lidar com o isolamento social, com o imprevisível da vida e com nossa vulnerabilidade não é fácil. Pessoas estão morrendo a cada dia e o recolhimento, muitas vezes, nos coloca em contato com conteúdos internos difíceis e doloridos: com a finitude da vida, com a solidão, com a falta de controle e com todos os nossos medos.
Esse não é um momento para altas exigências: precisamos viver um dia de cada vez, sabendo que todos estão tentando o possível para as coisas caminharem bem. Saiba acolher suas limitações como ser humano. Esse é um ótimo período para o exercício da humildade, da solidariedade, não só com o coletivo mas consigo mesmo.
Não precisa ser fácil!!
Em momentos de caos, algumas estratégias podem ajudar:
– Pare para identificar o próprio estado emocional, incluindo sentimentos, emoções e sensações físicas.
– Implemente pequenas pausas para se perceber e “brechas de alívio” para administrar a tensão: respire fundo, tome um belo banho quente, escute uma música que toque sua alma e permita se acolher. Saber apaziguar os tsunamis internos com carinho e tolerância, ajuda os filhos a fazerem o mesmo, a buscarem caminhos afetivos para lidar com essas fases de turbulência. Independentemente da idade e, ainda que os filhos não demonstrem sinais de ansiedade, eles estão vivendo tudo de forma diferente e compartilham conosco dessa atmosfera de insegurança e preocupação.
– Abra espaço para conversas em família: crie momentos onde cada um possa expressar seus sentimentos, adaptando com crianças menores outros meios e alternativas como desenhos e brincadeiras imaginativas.
– Exercite a solidariedade dentro de casa: aproveite as reuniões familiares para pensar e repensar como cada um pode colaborar para a organização da casa e melhorar a convivência. Mesmo as crianças pequenas podem se prontificar a fazer algumas pequenas tarefas. O Covid-19 nos fez parar tantas coisas que podemos abrir um outro canal de escuta e convivência conosco e com as pessoas que mais amamos.
Que esse período favoreça a possibilidade de encarar os tropeços, deslizes e incertezas com uma dose maior de bom humor e tolerância, dando espaço para as angústias serem compartilhadas, mas também para as novas possibilidades e recursos de cada um! Que possamos atravessar esse momento tão desafiador transmitindo uma consciência de coletividade para os nossos filhos, e a capacidade de se reinventar através de novas e inesperadas demandas.
Uma oportunidade para reflexões, transformações e atuações preventivas; espaço individualizado de acolhimento para os dilemas e desafios enfrentados por pais e cuidadores…
Espaço de troca e reflexão sobre temas que envolvem o desenvolvimento da criança e do adolescente. Os temas são escolhidos a partir das necessidades do grupo, aliando informações teóricas e atualizações da área com as experiências pessoais.
Atualizações, intercâmbio de ideias e informações no campo da psicologia do desenvolvimento e competências socioemocionais na relação pais e filhos…