Luciana Perri
“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósitos e direção para suas vidas.”
Rudolf Steiner
Seremos nós livres?
A liberdade, por definição, tem que ser conquistada por nós mesmos, não é inata ao homem. Quando pensamos em uma educação livre e amorosa depende de nós trilharmos um caminho em direção à nossa própria liberdade.
Os pais detém a tarefa de criar o ambiente e as condições favoráveis através das quais a própria criança se revela ou traz à tona predisposições com as quais ela veio ao mundo. Como nós somos parte desse entorno, o que devemos fazer é trabalhar em nós mesmos. Nesse sentido, toda educação pressupõe autoeducação.
Limites e regras podem ter diferentes conotações para cada pessoa.
Que significados tem a palavra limites para você? Que experiência lhe vem à mente ao ouvi-la?
Proibição, punição e recompensa estão bastante presentes na mente de alguns pais porém para outros, isso reverbera como amor incondicional, contenção, continência e responsabilidade.
Para pais que ainda tem uma relação com limites de forma punitiva, afinal muitos foram educados nesse modelo, seria importante ressignificar o olhar de forma a compreender os seus filhos.
Mais do que um conhecimento intelectual da criança, essa compreensão exige uma observação atenta e presente dos pais, que envolve: perceber quais são as reais necessidades dos filhos; ter um olhar de compaixão e empatia (se colocar no lugar do outro) e não de julgamento, como quem quer apreender e não punir ou somente corrigir; aceitar que erros fazem parte desse processo e podem ser reparados. Dessa forma poderemos suscitar na criança confiança para se expressar, sentimento de entusiasmo e colaboração, e segurança para ir se desenvolvendo.
Sabemos que o processo de aquisição da autonomia acontece de forma gradativa. Na primeira infância, regras e limites devem ser claros e objetivos. À medida que a criança amadurece e pode avançar por si mesma, limites demasiados e proteção excessiva podem incomodar. Talvez essa nova fase possa requerer contornos mais flexíveis e amplos. Por outro lado, se a educação for muito permissiva, teremos o tédio, a carência de ideais, a falta de disciplina e a insegurança. Os pais devem ir atualizando a forma de colocar limites de acordo com a necessidade da criança em cada fase e, nesse percurso, é fundamental que sempre haja coerência entre discurso e atitudes.
Muitos pais podem ficar com a sensação que determinar limites contraria a liberdade, e no nosso entendimento, é justamente o oposto, essa ação estimula a criança na percepção de si mesma e do eu alheio. Quando temos a clareza do propósito de instituir tais limites em cada circunstância, sabemos que um não dito agora, pode significar um sim para algo muito maior no futuro.
O fundamental é reconhecer no devir e no processo de vir a ser de seus filhos onde cabe cada limite e de qual maneira. O cultivo do caminho do meio e do equilíbrio são essenciais na educação voltada para o amor.
Através de uma perspectiva ampliada, os limites ganham um novo significado. Podem ser vistos como ninho, abraço e amor, ou seja, são chaves para a liberdade. Para tanto, é preciso transformar algo em nós mesmos para podermos ajudar o sol interior da alma dessa criança florescer.
Como estamos nutrindo as nossas relações? Conseguimos nos antecipar com uma postura proativa ou estamos somente reagindo em relação as demandas de nossos filhos?
Nós estamos atentos aos sinais que nossos filhos nos dão ou estamos mais interferindo nas questões e impondo a nossa vontade?
Temos autodomínio das nossas emoções? É possível separar quais são as nossas angústias e o que pertence aos nossos filhos?
“É preciso aprender a canção da criança. Feliz dos que podem tocar com a alma e enxergar com o coração a sua criança”
Esse é o nosso convite para reflexão de todos vocês!
Uma oportunidade para reflexões, transformações e atuações preventivas; espaço individualizado de acolhimento para os dilemas e desafios enfrentados por pais e cuidadores…
Espaço de troca e reflexão sobre temas que envolvem o desenvolvimento da criança e do adolescente. Os temas são escolhidos a partir das necessidades do grupo, aliando informações teóricas e atualizações da área com as experiências pessoais.
Atualizações, intercâmbio de ideias e informações no campo da psicologia do desenvolvimento e competências socioemocionais na relação pais e filhos…